quinta-feira, outubro 23, 2003

O PS anda completamente atordoado com esta história toda que, convenhamos, tem sido mal gerida.

É notória a estratégia política do governo relativamente a este assunto: distanciamento, poucos comentários, um silêncio que em certa medida começou a irritar os responsáveis socialistas, no sentido em que estes estavam debaixo de fogo por causa do deputado Paulo Pedroso, sem que houvesse qualquer reacção relativamente ao processo por parte da maioria, o que tirou margem de manobra política ao PS. Recordo que aquando do caso Moderna o CDS-PP organizou uma manifestação de apoio ao seu presidente (onde parava em tão a separação de poderes) insinuando a ligação de alguns advogados dos arguidos ao PS (se isto não foi politizar o caso...).

Outro facto que contribui para o crescente desnorte do PS (mas quem os pode censurar neste aspecto) foi a postura do Procurador Geral da República. Efectivamente se houve alguém que desde o primeiro momento teve uma postura tendenciosa foi o PGR, tanto mais que o seu nome foi proposto pelo PSD, o que significa que qualquer atitude tomada pode sempre ter uma interpretação política por parte da oposição. O PGR já deveria ter sido demitido por manifesta incapacidade de gestão do processo. Desde comentários infelizes e desajustados, a uma inabilidade na gestão da fuga ao segredo de justiça, nunca tendo mostrado vontade de minorar o problema, à defesa clara da posição do ministério público quando o seu cargo obrigava a uma posição neutral, enfim, só asneiras.


Mas, o problema reside no facto de o PS, do meu ponto de vista, ter cometido alguns erros graves na gestão deste processo.

- O deputado Paulo Pedroso nunca deveria ter ido ao Parlamento no dia da sua libertação, ou então (uma vez que entendo que a sua ida tenha um simbolismo pessoal forte) a máquina partidária não deveria ter realizado aquela recepção.
- O episódio das escutas telefónicas deveria ser abordado de outra forma, isto é, a tónica deveria ter sido posta na legalidade das escutas, uma vez que os indivíduos escutados não são arguidos em nenhum processo. Do ponto de vista político Ferro Rodrigues deveria ter dito desde o início que não comentava as escutas feitas a ele e a outros membros do partido exceptuando Paulo Pedroso, já que entendia que as mesmas eram ilegais e exigindo ao Procurador a fundamentação da relevância daquelas escutas podendo então sim, se a resposta não fosse convincente por parte do procurador, dar relevância política ao caso (apenas naquilo que diz respetio às escutas).

Não tendo feito isto Ferro Rodrigues está limitado na sua acção política já que tem de gerir diariamente as notícias sobre as "pressões sobre a justiça", não conseguindo o PS passar para o país a ideia de que está a "fazer coisas" nos domínios da política interna e externa sendo uma alternativa credivel ao actual governo.

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